Pontapé na Cona
O bar é um espetáculo - uma cave com 400 anos, com ares de ter sido um calabouço onde prisioneiros eram torturados ou qualquer história macabra do género. Bom, na realidade penso que seria uma prosaica cavalariça ou assim, mas tem mais piada pensar o primeiro. Do pé direito baixo às argolas na parede, dos recantos escondidos à esplanada, da pedra das paredes à vibração da Costa Vicentina, o Pont'a Pé é mesmo um local obrigatório para quem vai a Aljezur.
Daí o meu contentamento de juntar o útil ao agradável - alto place e alto sonoro (não vou ser falsamente modesto, se eu não achasse que o som que passo é bom, deixava-me disto e dedicava-me, sei lá, à Biologia...). E então de barriguinha cheia com um belo bife da vazia servido no restaurante Pont'a Pé (no piso de cima do bar, pois claro) sigo com um sorriso nos lábios para mais uma session de freestyle DJing.
Começou com belo funk-disco-house-sei-lá para aquecer a pista, e passou gradualmente para paisagens sonoras orientais onde as meninas gostam habitualmente de se mover. Daí até ao drum'n'bossa foi um pulinho e foi também o ponto alto da noite - o pessoal gostou muito daqueles sons de usura pouco comum naquela casa. Tudo bem até aqui, eram 2 da manhã, a pista estava composta, grande vibração no ar e muita brasileirada para abanar a bundinha. A pouco e pouco o som foi-se tornando mais 'hard', mais para terrenos drum'n'bass britânicos mas nunca deixando de ter aquele ritmo dançante. E gradualmente também o público foi mudando, começando a chegar o people 'da night' (nesta caso, gente já embriagada e sem postura). Não seria um problema se não me viessem chagar o juízo, particularmente um cromo de Lisboa, menino da linha provavelmente, q não deixava de pegar no meu pé com frases emblemáticas do tipo 'ói, n tens aí um trancezinho' ou 'mete aí um house, q a minha namorada só gosta de house'. Pá, isto são frases de roto.
A tortura continuou (lembram-se lá em cima de eu ter falado na sala das torturas? pois aí têm) até q tive de dizer 'Qual foi a parte que não percebeste?' e por fim o Tico juntou-se com o Teco, fez-se luz naquela cabecinha e pôs-se a milhas.
Eu compreendo que as pessoas quando ouvem algo que não estão habituadas estranhem, e ainda mais quem não está atento ao mundo da música e só leva com o comercial. Mas abram essas cabecinhas aos ventos de mudança e por favor lembrem-se deste ditado anglófono: ENGAGE BRAIN BEFORE STARTING MOUTH. Chiça! Quase que estragava a noite. Minto, não esteve nem perto, mas incomodou um pouco.
Bem, a noite acabou bem, o surf no dia seguite foi pacífico e principalmente rejuvenescedor, e ficou em aberto uma próxima session.
Obrigado à gerência do pontapé e até à próxima!